Sou o silêncio
Sou, em torno dos movimentos, o ponto parado
O ponto, porém, que não é encontrado
A referência não achada
Sou a sombra de um objeto na escuridão
Sou o reflexo desse objeto num espelho inexistente
Sou o pesadelo e sonho das pessoas acordadas
Sou a ação das pessoas mortas
Sou tudo aquilo que os olhos não veem
Os ouvidos não ouvem
Estou ao lado de tudo
Porém, nunca no extremo
Estou acima de tudo
Nunca no ponto mais alto
E abaixo de tudo
Mas nunca no fundo
Sou a luz no fim do túnel
Onde não há túnel
Fulgural
terça-feira, 7 de junho de 2016
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Outro dia
A solidão no meio da madrugada é deprimente
Tomo remédios para dormir mais não durmo
Meus sonhos foram sendo destruídos um por um
Minhas paixões desmistificadas e tornadas pó
Meu espírito vaga como um zumbi
Todo quebrado, em pedaços, arrastando-se
O mundo
Externamente está condenado
Internamente julgado
Culpado
E eu ainda nem nasci
Tomo remédios para dormir mais não durmo
Meus sonhos foram sendo destruídos um por um
Minhas paixões desmistificadas e tornadas pó
Meu espírito vaga como um zumbi
Todo quebrado, em pedaços, arrastando-se
O mundo
Externamente está condenado
Internamente julgado
Culpado
E eu ainda nem nasci
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
O voo do caranguejo
Da lama ao céu
do céu a outras dimensões
nem todas reais
porém mais reais que a realidade a partir que as crio
O caranguejo alado
Que sobrevive a tudo
Não morri afogado
Não fui cozido
Não fui pisoteado por Hércules
Não fui uma das vítimas da chacina contra 19 pessoas
Não morri na guerra
e não morri em paz
Flutuei para além do espaço-tempo
Encontrei outros eus
Todos distorcidos
Mas nenhum mais do que eu mesmo
Depois de muitas destruições
Guerras psíquicas e físicas
Saio do meio da lama
Com vários corpos podres ao meu redor
Alguns ainda estão vivos
e imploram para morrer
Vejo o fim do mundo
E o fim do mundo dentro de mim
Acontece
Minhas asas não servem para voar
Ou servem, mas nunca aprendi
Mesmo assim o vento me leva
Até depois do fim de tudo
Até o nada
sou decomposto
mas durante a agonia de morrer lentamente
Vejo alguém
Suplico pela morte
Mas tive azar
Ele também tinha asas
do céu a outras dimensões
nem todas reais
porém mais reais que a realidade a partir que as crio
O caranguejo alado
Que sobrevive a tudo
Não morri afogado
Não fui cozido
Não fui pisoteado por Hércules
Não fui uma das vítimas da chacina contra 19 pessoas
Não morri na guerra
e não morri em paz
Flutuei para além do espaço-tempo
Encontrei outros eus
Todos distorcidos
Mas nenhum mais do que eu mesmo
Depois de muitas destruições
Guerras psíquicas e físicas
Saio do meio da lama
Com vários corpos podres ao meu redor
Alguns ainda estão vivos
e imploram para morrer
Vejo o fim do mundo
E o fim do mundo dentro de mim
Acontece
Minhas asas não servem para voar
Ou servem, mas nunca aprendi
Mesmo assim o vento me leva
Até depois do fim de tudo
Até o nada
sou decomposto
mas durante a agonia de morrer lentamente
Vejo alguém
Suplico pela morte
Mas tive azar
Ele também tinha asas
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Redemoinho
Você é um paradoxo
Prestes a acontecer
Gerando furacões que espalham tudo
Ao mesmo tempo em que atraem
Seu suor esquenta e congela
seu olhar faz voar e enterra
Um instante vira um milênio
E um milênio vira um instante
E quando tudo pára
Você volta
Prestes a acontecer
Gerando furacões que espalham tudo
Ao mesmo tempo em que atraem
Seu suor esquenta e congela
seu olhar faz voar e enterra
Um instante vira um milênio
E um milênio vira um instante
E quando tudo pára
Você volta
sexta-feira, 12 de junho de 2015
Olhar nublado
Quando há nuvens
Acinzentando o céu
O sol não morreu
Ele segue imperial
Mas naquele dia não, estava escondido
E o dia estava cinza
Não importava a realeza do sol naquele dia
Pois as nuvens estavam lá também
Foi assim quando eu te vi
Seus olhos estavam prestando atenção em outra coisa
Quando olhavam pra mim, era rápido
Eu olhava para você mais rápido
Porém, sempre repetia os milésimos de segundo
Via-a através das nuvens
Além da timidez, além da sua desatenção
Todo aquele sol atrás de seus olhos
Toda aquela implosão nuclear de sua alma
Aquela luz, de seus olhos, ardendo meus olhos
Mas era inevitável
Eu fechava, me virava para não me cegar
Mas voltava a te ver
Por mais alguns milésimos
Qualquer problema, sabia que podia contar com as nuvens
E fingir que o dia estava nublado
Acinzentando o céu
O sol não morreu
Ele segue imperial
Mas naquele dia não, estava escondido
E o dia estava cinza
Não importava a realeza do sol naquele dia
Pois as nuvens estavam lá também
Foi assim quando eu te vi
Seus olhos estavam prestando atenção em outra coisa
Quando olhavam pra mim, era rápido
Eu olhava para você mais rápido
Porém, sempre repetia os milésimos de segundo
Via-a através das nuvens
Além da timidez, além da sua desatenção
Todo aquele sol atrás de seus olhos
Toda aquela implosão nuclear de sua alma
Aquela luz, de seus olhos, ardendo meus olhos
Mas era inevitável
Eu fechava, me virava para não me cegar
Mas voltava a te ver
Por mais alguns milésimos
Qualquer problema, sabia que podia contar com as nuvens
E fingir que o dia estava nublado
terça-feira, 2 de junho de 2015
Sob o sol, sob a sombra II
Sob o sol
Sobre a sombra
Sob a sombra
Sobra a sol
Sob a sobra
Sobra a sombra
Sobe à sombra
Some o sol
Sobe ao sol
Some a sombra
Some a sombra
Sobra a noite
Some o sol
Sobre a sombra
Sob a sombra
Sobra a sol
Sob a sobra
Sobra a sombra
Sobe à sombra
Some o sol
Sobe ao sol
Some a sombra
Some a sombra
Sobra a noite
Some o sol
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Banho de vento
Vento
Vem bater na minha porta
Venha me banhar
Sentir seu movimento
Vento, me leve
Para eu voar
Como uma folha de outono
Vire um furacão
Vamos rodar
Varrer tudo
Limpar tudo
Vente
Vente mais
Nada poupe
Vem bater na minha porta
Venha me banhar
Sentir seu movimento
Vento, me leve
Para eu voar
Como uma folha de outono
Vire um furacão
Vamos rodar
Varrer tudo
Limpar tudo
Vente
Vente mais
Nada poupe
domingo, 10 de maio de 2015
Veneno estragado
São feitas toneladas por dia
Perfeitas
Agrotóxicos, venenos para ratos, pesticidas
Pílulas calmantes, cigarros, cocaína
Cafeína, salsicha, água mineral
Veneno dá lucro
E sou os pior tipo de veneno
O veneno estragado
Nada mais defeituoso que algo feito para ser ruim não dar certo
Na fábrica de venenos, os bons venenos estão em alta
Quanto pior, melhor
Ser um pote de veneno defeituoso faz eu ir
Para o lixo
Onde estou
No lixo
Da fábrica de venenos
Perfeitas
Agrotóxicos, venenos para ratos, pesticidas
Pílulas calmantes, cigarros, cocaína
Cafeína, salsicha, água mineral
Veneno dá lucro
E sou os pior tipo de veneno
O veneno estragado
Nada mais defeituoso que algo feito para ser ruim não dar certo
Na fábrica de venenos, os bons venenos estão em alta
Quanto pior, melhor
Ser um pote de veneno defeituoso faz eu ir
Para o lixo
Onde estou
No lixo
Da fábrica de venenos
quarta-feira, 22 de abril de 2015
Plumas de asas
Liberdade
A bela palavra
A bela utopia
O belo caminho
Por ela, queremos ser presos
Por ela, queremos ser escravos
Por ela, queremos ser mandatos
Ela, como deuses, é a bela razão pela qual se comete as piores coisas
Para, no fim, se conseguir exatamente o oposto
Ela justifica
Ela é a ideia
Ela é a ideologia
Mas nunca pode ser real
Nunca deixaríamos ela sair da imaginação
Não viveríamos com ela materializada
O que precisamos é dela abstrata
Somos hipocondríacos que precisam da pílula de trigo para curar doenças falsas
Precisamos acreditar que ela é
A possibilidade de escolha
A sensação de segurança
A felicidade pelo acaso ou pelo destino
O acaso
E também no destino
A destruição pelo acaso
A criação pelo destino
Um fluxo ordinal hierárquico
Uma rede conectada aleatória
Boa
Má
Nossos genes
Nossa programação
Nossa cultura
Nossa escolha por caminhos certos ou errados
Certa
Errada
Ela é tudo isso
Não de verdade, mas precisa ser
Pelo menos para nós
Para evitar qualquer deslocamento
Para não enlouquecer
Essa abstração nos salva
Ela é a verdadeira salvação
Acreditar nela é essencial para a ordem
E também para o caos
Não é mais que céus e infernos melhorados
Sensação de que quem morre descansa
De que quem é mau vai ser punido
De quem é bom vai ser abençoado
Como ela é justa
E como justiça, cega
Como o amor
E por isso a amamos
Patologicamente
A bela palavra
A bela utopia
O belo caminho
Por ela, queremos ser presos
Por ela, queremos ser escravos
Por ela, queremos ser mandatos
Ela, como deuses, é a bela razão pela qual se comete as piores coisas
Para, no fim, se conseguir exatamente o oposto
Ela justifica
Ela é a ideia
Ela é a ideologia
Mas nunca pode ser real
Nunca deixaríamos ela sair da imaginação
Não viveríamos com ela materializada
O que precisamos é dela abstrata
Somos hipocondríacos que precisam da pílula de trigo para curar doenças falsas
Precisamos acreditar que ela é
A possibilidade de escolha
A sensação de segurança
A felicidade pelo acaso ou pelo destino
O acaso
E também no destino
A destruição pelo acaso
A criação pelo destino
Um fluxo ordinal hierárquico
Uma rede conectada aleatória
Boa
Má
Nossos genes
Nossa programação
Nossa cultura
Nossa escolha por caminhos certos ou errados
Certa
Errada
Ela é tudo isso
Não de verdade, mas precisa ser
Pelo menos para nós
Para evitar qualquer deslocamento
Para não enlouquecer
Essa abstração nos salva
Ela é a verdadeira salvação
Acreditar nela é essencial para a ordem
E também para o caos
Não é mais que céus e infernos melhorados
Sensação de que quem morre descansa
De que quem é mau vai ser punido
De quem é bom vai ser abençoado
Como ela é justa
E como justiça, cega
Como o amor
E por isso a amamos
Patologicamente
terça-feira, 21 de abril de 2015
Um corpo em repouso segue em repouso... ou não
Sou um legalista
Cumpro todas as leis de Newton
Não ando em lugares altos
Uso oxigênio para respirar
Bebo água para me hidratar
Faço exercícios
Como coisas saudáveis
Faço exercícios
Como pessoas saudáveis
Evito discussões, faço meditação
Medito, tenho uma vida normal
Que é plena
Já eu sou legista
Vendo órgãos no mercado negro
Sou necrófilo
Injeto drogas nos corpos
Sou mais frio que o IML
Acabo com suas reputações meigas quando vivas
Acabo com toda a carne que restou
Quando trabalho em lugares pacatos
Como manda a leis de oferta e procura
Eu produzo o material
Os cristãos
Os mendigos
Os pervertidos
A vítima
O predador
São meus exercícios
Como pessoas pouco sãs
Como pessoas saudáveis
Todos têm sua vida destruída depois da morte
Não faz sentido para eles, mas é minha meditação
Maldita, tenho uma vida anormal e imperfeita
Mas é plena
Cumpro todas as leis de Newton
Não ando em lugares altos
Uso oxigênio para respirar
Bebo água para me hidratar
Faço exercícios
Como coisas saudáveis
Faço exercícios
Como pessoas saudáveis
Evito discussões, faço meditação
Medito, tenho uma vida normal
Que é plena
Já eu sou legista
Vendo órgãos no mercado negro
Sou necrófilo
Injeto drogas nos corpos
Sou mais frio que o IML
Acabo com suas reputações meigas quando vivas
Acabo com toda a carne que restou
Quando trabalho em lugares pacatos
Como manda a leis de oferta e procura
Eu produzo o material
Os cristãos
Os mendigos
Os pervertidos
A vítima
O predador
São meus exercícios
Como pessoas pouco sãs
Como pessoas saudáveis
Todos têm sua vida destruída depois da morte
Não faz sentido para eles, mas é minha meditação
Maldita, tenho uma vida anormal e imperfeita
Mas é plena
sábado, 11 de abril de 2015
Retrato de um tratado
Todos eram perfeitos
Antes da invenção da perfeição
Tudo era belo
Antes da criação da feiura
Tudo existia
Antes da invenção do nada
Antes da invenção da perfeição
Tudo era belo
Antes da criação da feiura
Tudo existia
Antes da invenção do nada
O Rio
O devido tempo
Será cobrado
No rio parado
No mar seco
Na noite ensolarada
Na caverna aberta
Aposto no oposto
Para cobrar
do devido tempo
Que ele siga seu curso
como um rio
Para cobrar do mar a nascente
Para cobrar o que perdi
na aposta
Para receber o que ganhei
no oposto
Para trocar o que escolhi
No tempo
Devido
terça-feira, 7 de abril de 2015
A Sombra da Sobra
Arrancaram-se os ossos
A carne
Os olhos
Todas as vísceras
Queimaram tudo
Enterraram as cinzas na lama
Invocaram-se magias
Destroçaram-lhe o espírito
Sem inferno, céu ou purgatório
O Amontoado de plasmas sem rumo
Acabou sendo lacrado
Queimaram-lhe a casa
Os escritos
Mataram seus entes
Matou-se quem fez tudo isso
E quem matou quem havia matado
Mas no fim, havia sobrado
Apesar de tudo,
Sobrou
E seguiu assombrando.
A carne
Os olhos
Todas as vísceras
Queimaram tudo
Enterraram as cinzas na lama
Invocaram-se magias
Destroçaram-lhe o espírito
Sem inferno, céu ou purgatório
O Amontoado de plasmas sem rumo
Acabou sendo lacrado
Queimaram-lhe a casa
Os escritos
Mataram seus entes
Matou-se quem fez tudo isso
E quem matou quem havia matado
Mas no fim, havia sobrado
Apesar de tudo,
Sobrou
E seguiu assombrando.
terça-feira, 24 de março de 2015
Poça de lama
Isso
Nunca começou
Nunca terminou
Nunca vai parar
Vai seguir sua trajetória
Não vai parar nunca
Quando chegar o momento
Vai voltar
Mais uma vez
E continuar
Sem parar
Sem algo que alcance
Sem algo à frente que barre
Sem parar
Vai continuar
Não de onde parou
Porque nunca parou
Nunca começou
Sempre existiu e
sempre vai existir
E vai continuar
sem parar
nada vai impedir
como nunca impediu
Porque nada veio antes para tanto
E nada vai existir depois
Sempre houve e sempre haverá
Antes de tudo e depois de nada
Nunca para
Nunca começou
Nunca terminou
Nunca vai parar
Vai seguir sua trajetória
Não vai parar nunca
Quando chegar o momento
Vai voltar
Mais uma vez
E continuar
Sem parar
Sem algo que alcance
Sem algo à frente que barre
Sem parar
Vai continuar
Não de onde parou
Porque nunca parou
Nunca começou
Sempre existiu e
sempre vai existir
E vai continuar
sem parar
nada vai impedir
como nunca impediu
Porque nada veio antes para tanto
E nada vai existir depois
Sempre houve e sempre haverá
Antes de tudo e depois de nada
Nunca para
O remorso do almoço infinito
O que você faz aqui?
Aquele dia
Aquilo que houve
Foi coisa de momento
O que você quer?
Que eu peça perdão? Que eu me me responsabilize
Que eu visite o fruto do que fiz com você?
E você, veio fazer o que aqui? Deixei a porta trancada.
Aquela hora
Eu não tinha prestado atenção
Bebi demais
Nem sei seu nome
Aconteceu de repente e quando acabou
Eu fugi
Você queria que eu mandasse flores?
Você também? Por quê?
Eu não tive escolha, era uma ou outra
E você?
Eu estava só fazendo o que me pediram.
Por que estão aqui? O que vieram cobrar?
Eu estou almoçando
É um momento sagrado
Não convidei ninguém
Querem que eu me ajoelhe? Peça perdão?
Isso não vai mudar nada, não vai voltar o tempo
Querem que eu me arrependa. Não.
Fiz e não me arrependo
E ainda que assim fosse
Que diferença faria?
Eu não pedi para virem aqui
Eu não quero vocês aqui
Estou almoçando
Podem respeitar esse momento?
E voltar de onde vieram?
Ninguém precisa saber
E nem vai
Quem vai acreditar?
Não vão destruir minha vida
Só por que vocês não mais a têm
Seguirei jantando
Fiquem assistindo
Não sairei tão cedo daqui
Aquele dia
Aquilo que houve
Foi coisa de momento
O que você quer?
Que eu peça perdão? Que eu me me responsabilize
Que eu visite o fruto do que fiz com você?
E você, veio fazer o que aqui? Deixei a porta trancada.
Aquela hora
Eu não tinha prestado atenção
Bebi demais
Nem sei seu nome
Aconteceu de repente e quando acabou
Eu fugi
Você queria que eu mandasse flores?
Você também? Por quê?
Eu não tive escolha, era uma ou outra
E você?
Eu estava só fazendo o que me pediram.
Por que estão aqui? O que vieram cobrar?
Eu estou almoçando
É um momento sagrado
Não convidei ninguém
Querem que eu me ajoelhe? Peça perdão?
Isso não vai mudar nada, não vai voltar o tempo
Querem que eu me arrependa. Não.
Fiz e não me arrependo
E ainda que assim fosse
Que diferença faria?
Eu não pedi para virem aqui
Eu não quero vocês aqui
Estou almoçando
Podem respeitar esse momento?
E voltar de onde vieram?
Ninguém precisa saber
E nem vai
Quem vai acreditar?
Não vão destruir minha vida
Só por que vocês não mais a têm
Seguirei jantando
Fiquem assistindo
Não sairei tão cedo daqui
A pinta
Não sei quem você é
De onde é
O que faz ou fez
Ou deixou de fazer
Não sei quem ama
Quem odeia
Não sei se me ama
Se me odeia
Se me ignora
Não sei se sabe da minha existência
Eu também não sei quase nada sobre você
Só estou vendo
a sua pinta
perto da sua boca
na sua bochecha
Uma pinta com campo gravitacional
De mil Júpiteres
Eu não consigo
Parar de olhar
A sua pinta
No seu rosto
De onde é
O que faz ou fez
Ou deixou de fazer
Não sei quem ama
Quem odeia
Não sei se me ama
Se me odeia
Se me ignora
Não sei se sabe da minha existência
Eu também não sei quase nada sobre você
Só estou vendo
a sua pinta
perto da sua boca
na sua bochecha
Uma pinta com campo gravitacional
De mil Júpiteres
Eu não consigo
Parar de olhar
A sua pinta
No seu rosto
Fogo é amor
O fogo preto
Saindo dos túmulos
Com fumaças azuladas
A fumaça branca de um fogo cinza
Fogo prateado
Fogo dourado
Fogo bronzeado
Fogo da brasa
Fogo vermelho
Jorrando como sangue
Explodindo
Expelido chorume amarelo
Com uma espessura verde
O fogo roxo
Com cheiro rosa
Que atrai e envenena
O fogo transparente
Matando lentamente
fazendo o corpo doente
mostrar o que sente
Fogo marrom
aterrando tudo
Com gosto de terra de cemitério
O fogo do esqueiro
Deixando o pulmão preto
Expelir a fumaça branca
O fogo corrói tudo
Derrete
Carboniza
Mata e reinventa
Transforma branco em preto
E preto em branco
Faz experiências bizarras
Dentro de nós
O fogo que não se apaga nunca
Que nunca morreu
Nem morrerá
Uma chama eterna
Um brilho sem fim
Destruindo tudo
Para que tudo se reinicie
A redenção é pelo fogo
Por isso vamos todos queimar
Vamos cair na lava e
Sermos fritos
Cozidos
Assados
Defumados
Ainda vivos
Vamos arder
Vamos à dor
Fogo é amor
Saindo dos túmulos
Com fumaças azuladas
A fumaça branca de um fogo cinza
Fogo prateado
Fogo dourado
Fogo bronzeado
Fogo da brasa
Fogo vermelho
Jorrando como sangue
Explodindo
Expelido chorume amarelo
Com uma espessura verde
O fogo roxo
Com cheiro rosa
Que atrai e envenena
O fogo transparente
Matando lentamente
fazendo o corpo doente
mostrar o que sente
Fogo marrom
aterrando tudo
Com gosto de terra de cemitério
O fogo do esqueiro
Deixando o pulmão preto
Expelir a fumaça branca
O fogo corrói tudo
Derrete
Carboniza
Mata e reinventa
Transforma branco em preto
E preto em branco
Faz experiências bizarras
Dentro de nós
O fogo que não se apaga nunca
Que nunca morreu
Nem morrerá
Uma chama eterna
Um brilho sem fim
Destruindo tudo
Para que tudo se reinicie
A redenção é pelo fogo
Por isso vamos todos queimar
Vamos cair na lava e
Sermos fritos
Cozidos
Assados
Defumados
Ainda vivos
Vamos arder
Vamos à dor
Fogo é amor
sexta-feira, 20 de março de 2015
As saídas do cemitério
Do céu e para o inferno
De um calor corrosivo do centro da terra
Para o calor do sol
Da cegueira intensa da escuridão
Para a cegueira intensa da luz solar
Das torturas e ressentimentos
Para as inquisições morais
Do tridente, rabo e chifres
Para o cajado, a barba e a onipresença
O poder de vida e morte
O poder sobre tudo
Entre deuses e demônios
Fico apenas vagando num cemitério gelado, com seu frescor pálido
Com seus ventos fúnebres
A escolha é difícil no purgatório
Ninguém por aqui quer ser eternamente torturado no inferno
Nem no céu, no qual qualquer erro te leva direto para longe
Como não somos plenamente bons, nem conseguiremos, não temos céus
Como não somos plenamente maus, nem conseguiremos, não teremos inferno
Cabe a cova, nosso lugar
Desistimos de procurar um destino
E descansamos
De um calor corrosivo do centro da terra
Para o calor do sol
Da cegueira intensa da escuridão
Para a cegueira intensa da luz solar
Das torturas e ressentimentos
Para as inquisições morais
Do tridente, rabo e chifres
Para o cajado, a barba e a onipresença
O poder de vida e morte
O poder sobre tudo
Entre deuses e demônios
Fico apenas vagando num cemitério gelado, com seu frescor pálido
Com seus ventos fúnebres
A escolha é difícil no purgatório
Ninguém por aqui quer ser eternamente torturado no inferno
Nem no céu, no qual qualquer erro te leva direto para longe
Como não somos plenamente bons, nem conseguiremos, não temos céus
Como não somos plenamente maus, nem conseguiremos, não teremos inferno
Cabe a cova, nosso lugar
Desistimos de procurar um destino
E descansamos
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